No Recife, 55 médicos contratados para o combate à Covid-19 em um hospital de campanha montado no estacionamento da Policlínica e Maternidade Professor Barros Lima, em Casa Amarela, na Zona Norte da cidade, trabalharam durante três meses e não receberam salário. Eles denunciaram esse atraso ao Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), e a prefeitura reconheceu problemas com o pagamento dos profissionais.

Esses médicos assinaram contratos temporários com a prefeitura do Recife para trabalhar nos meses de março, abril e maio. Segundo o Simepe, eles atuaram no setor de triagem dos pacientes com sintomas de doenças respiratórias e na assistência aos internados na Unidade Provisória de Isolamento, tanto na enfermaria quanto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não foram pagos pelos plantões realizados.

“Lamentamos profundamente a falta de respeito e de valorização desses médicos que atuaram no enfrentamento à Covid-19 para frear a pandemia. O que fica é a indignação por sermos considerados, na campanha de mídia da prefeitura, heróis que salvaram vidas, mas, na hora de eles receberem o que é seu, por direito e merecimento, ficam desvalorizados, com sentimento de insatisfação”, declarou a presidente do Simepe, Claudia Beatriz.

No início de julho, esse grupo de profissionais procurou o sindicato para denunciar a falta de pagamento. De acordo com o Simepe, o atraso nos salários dos profissionais foi provocado pela demora na entrega da documentação dos médicos pela gestão da unidade de saúde para que fosse encaminhada ao setor financeiro da prefeitura do Recife responsável por liberar os pagamentos.

Diante disso, a Secretaria Executiva de Gestão de Trabalho e Educação na Saúde foi acionada e, segundo o sindicato, se comprometeu a resolver a situação em 15 dias.

“Nosso ofício com pedido de esclarecimento seguiu para a prefeitura do Recife em 17 de julho e foi reiterado, por falta de resposta, nos dias 24 e 28 de julho. Recebemos uma ligação da prefeitura no dia 27 de julho dizendo que ia sanar o débito em 15 dias. Demos um prazo de 17 dias, até 10 de agosto, mas não fizeram o pagamento”, afirmou Claudia Beatriz.

Ainda de acordo com ela, o débito da prefeitura do Recife com esses profissionais chega a R$ 900 mil. “Juntando os 55 médicos, que recebem valores variados por plantão executado, oscila entre R$ 890 mil e R$ 900 mil. Eles trabalharam os três meses, mas a ordem de pagamento só foi publicada em portaria no Diário Oficial do dia 4 de agosto e, até agora, não receberam pelos plantões realizados”, disse.

Além de não receberem os salários, vários profissionais desse grupo contraíram a Covid-19 enquanto trabalhavam no hospital de campanha, de acordo com o Simepe. “Muitos desses médicos se expuseram ao novo coronavírus e adoeceram, expondo a sua família à doença também”, contou Claudia Beatriz.

Diante do não pagamento dos salários cinco meses após o início dos contratos temporários, o sindicato adotou três medidas para tentar resolver essa situação. “Convocamos uma assembleia de caráter deliberativo, para a próxima segunda [17], sobre ajuizar uma ação judicial de cobrança, estamos emitindo uma notificação extrajudicial com prazo de 72 horas para liquidez desses valores e vamos encaminhar uma denúncia ao Ministério Público de Pernambuco nesta semana”, declarou.

Resposta da prefeitura

Em nota enviada ao G1, a prefeitura do Recife afirmou que “reconhece que houve problemas técnicos e burocráticos pontuais que dificultaram o processamento do pagamento de alguns profissionais de saúde que deram plantões extras entre março e maio”.

Ainda no texto, a gestão municipal disse que “lamenta o ocorrido e garante que está empregando todos os esforços para efetuar o pagamento nos próximos dias”.

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